sábado, 8 de setembro de 2012

De memórias e saudades.


         Outro dia eu estava lendo e me vieram imagens na mente, relatos de bons tempos (nem tão distantes assim). Lembrei-me da maçã que te dei com amor; da pipa colorida que por vezes ao céu embelezou. Era tão alegre. Das viagens (reais e imaginarias), das paisagens, do vento que entrava pela janela do carro e refrescava meu rosto; dos doces e das moedas que eu ganhava do meu avô, junto com os abraços, histórias e cantigas. Era tão alegre. Do cheirinho bom que ele tinha, mesmo suado.
         Lembrei do primeiro andar de bicicleta, do único olho que ele tinha e que me ensinou a ver o mundo com outros olhos. Lembrei dos pássaros , presos nas gaiolas, que eu nunca pude libertar. Da água pura e boa do interior. Aliás, eu detestava viagens e interior, mas em tudo há coisas boas.
         Você com certeza se lembra de fatos simples da infância, da vida em geral. Quando as lembranças chegam de repente trazem uma paz, uma saudade, uma doçura tão singela. E tudo era tão alegre!
         Memória: ela nos mostra quem fomos e somos e nos traz instantes de eternidade.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Em busca de auto conhecimento e de paz.



       É quase inevitável não me preocupar. Mas, pensando bem, já me preocupei demais e perdi muita coisa.
       Vou tentar ser outro alguém (até agora não direito quem), melhor, mais sábio, mas humano. Você vem comigo? Vamos na fé, vamos sem medo! Eu quero a sua mão na minha, pra me encorajar; quero seu perfume provocando meu riso.
       Vamos ver o por do sol, ele tem muito a nos ensinar; encerrando ciclos, a espera de um novo. Preciso sentir a brisa salgada, ouvir o tão grande e antigo mar, detentor de tantas histórias, tantos confissões. Talvez alguém, algum dia, tenha ido como eu em busca de respostas e as tenha encontrado. Talvez tenha sido mais feliz.
       A vida é curta demais pra que eu fique enfurnada em casa trabalhando, estudando ou na internet numa tarde de sábado. Um por do sol não faz mal nem demora. E se eu perder a hora nesse dia, tanto faz, eu quero mesmo é paz. Não uma falsa paz, mas uma sensação duradoura de que mesmo que o mundo lá fora esteja acabando, aqui dentro seja calmaria e que eu esteja me reconstruindo. Não quero a alienação da sociedade de que paz é você dormir depois de chegar cansado em casa à noite. Isso é descanso. (do corpo e da mente, mas e o espírito?)
       Quero um novo ânimo, quero viver mais e melhor.
       Sim, vamos viver, meu bem. Ainda é tempo.


Foto: Gabriela Arzabe.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Recomeço.



    O velho piano na sala, mudo e empoeirado.
          A sua fotografia ainda está lá, intacta. Faço questão de limpá-la de vez em quando.
          Por que você foi tão longe?
          Porque era preciso. As vezes só o tempo esclarece. Faz desaparecer o que não devia nunca ter existido e voltar com uma força inexplicável o que realmente importa.
         Mas eu ainda espero.
         Espero novas flores para enfeitar o piano, espero a nova música que vou compor pra você (a sinfonia do retorno), o cheiro que a cozinha tinha quando você estava lá. Eu espero porque o amor não acabou nem diminuiu. Nem em mim nem em você. Eu sei.
         Haverá uma outra primavera, com novas e perfumadas flores, na sala e dentro de nós dois.